A experiência enriquecedora possibilitou que os estudantes aprendessem diretamente com os indígenas.
MATÉRIA: HILDA MACHADO
Na manhã desta quinta-feira (28), a Gerência Regional de Educação do Sertão do Moxotó-Ipanema Arcoverde (GRE-SMI) realizou por meio do Núcleo de Alimentação Escolar (NAE) uma ação de Educação Alimentar Nutricional (EAN) na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Cristo Rei, localizada no município de Pesqueira.
A ação reuniu cerca de 700 estudantes e teve como tema principal: Povos, Histórias e Culturas Indígenas e levou até a instituição o povo indígena Xukuru de Ororubá, assim conhecido, por serem habitantes de um conjunto de montanhas, conhecido como Serra do Ororubá ou Serra de Urubá, também localizada na região de Pesqueira, para um tempo de aprendizagem com os estudantes da instituição em forma de respeito a resistência e a luta dos povos indígenas nesse mês de abril.
A acolhida aos estudantes ficou por conta da música indígena que embalou o ambiente da instituição e proporcionou uma imersão em sua cultura deslumbrante.
Silvinha Xukuru realçou a importância que o momento favoreceu para ajudar a esclarecer as pessoas sobre o povo Xukuru e os povos indígenas.
“Eu acho que é muito importante falarmos disso, nós enquanto legítimos Xukurus, ou legítimos indígenas; falar dessa história para as pessoas é importante, porque como vimos aqui hoje, mesmo sendo próximos ao povo, muitos não conhecem. Como falaremos dessa história, dessa resistência, desse povo, se não viermos até eles, que estão aqui na cidade?! Alguns estudantes já vieram falar de como se emocionaram, inclusive, por saber que existe um povo tão guerreiro e de tanta resistência aqui do lado e que veio até eles também para trazer essa experiência. Então, é trazer para a escola um novo olhar sobre os livros de história”, declarou.
A experiência enriquecedora possibilitou que os estudantes aprendessem diretamente com os indígenas e pudessem tirar dúvidas sobre a cultura, o processo de alfabetização, as práticas e costumes, as comidas típicas, assim como, conhecer mais sobre práticas indígenas na atualidade e os processos históricos.
“De fato, foi um momento de construção e desconstrução, a partir da descolonização de mentes, da voltar às origens e adentrar nesse universo que nos transcende, que vai muito para além do que está posto, do que está físico e entender da nossa ancestralidade formando atuais e futuras gerações nessa construção do conhecimento para que, de fato, a cultura indígena seja viva. Seja recontada a partir da realidade, ressignificando as práticas e ressignificando também todo o processo histórico, assim como é posto no livro didático, como é engessado dentro de tantas realidades. [...] Não é algo que é distante mas é algo que é próximo e que está na veia de todo brasileiro e de toda brasileira, reconhecer-se como participe, como pertencente de todo o povo, uma vez que o Brasil é um país colorido de jenipapo e urucum”, explicou Átila Frazão, indígena da aldeia Xukuru.
O jovem estudante do 2º Ano C, da EREM Carlos Rios, Pedro Rafael relatou como o momento lhe proporcionou conhecimento. “Hoje eu pude entender o fato de que o Brasil não foi descoberto pelos portugueses, como a história diz, porque ele foi descoberto pelos indígenas”, relatou. Já a estudante do 3º ano, Nicole Rodrigues contou como o momento pode valorizar a cultura do país. “Estávamos precisando desse momento, para entendermos melhor as nossas origens e a história de Pesqueira também. Foi muito bom ver a nossa cultura representada, porque muitas vezes ela não é valorizada. Eu fiquei emocionada em algumas ocasiões”, disse.
Para a professora Rosa de Lima o encontro cultural ajudou no processo informativo dos jovens estudantes que pouco sabiam a respeito do povo Xukuru de Ororubá que habitam o mesmo município. “O momento foi muito gratificante e de grande sabedoria porque está resgatando a história do povo Xukuru para uma juventude que não conhece direito a história desse povo”, enfatizou.
A estudante do 3º ano, Laura Rodrigues, expôs como foi interessante para ela aprender a história contada pelos indígenas. “Eu achei um momento de suma importância, de muita representatividade, principalmente porque o que mais a gente vê desde o nosso Ensino Fundamental, desde o Infantil, é a história contada por apenas um lado, apenas uma versão”.
“Com esse momento objetivamos conhecer além dos livros, proporcionando aos alunos da cidade, que estão tão perto de uma tribo, que é algo histórico e que conta a nossa história como país, conhecerem mais sobre eles”, declarou a coordenadora de Alimentação Escolar do NAE, Luciana Galindo.
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